quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Acesso a Educação inclusiva em Marabá

A questão da deficiência visual na inclusão da educação básica e superior tem crescido bastante, mas ao mesmo tempo o estado não tem dado um suporte pedagógico e físico para essas pessoas, acredito que esse problema não esta somente em Marabá, mas em todo Brasil. Muitas pessoas com deficiência visual tem por princípio a barreira que o limita a inclusão social, barreira essa que não é a deficiência na totalidade, mas a parte emocional que muitos se isolam. A escolha dessa pesquisa tem como base tentar avaliar o modo de absorção de conhecimento de uma pessoa com essa deficiência tanto no nível médio e superior hoje no Brasil. A partir da década de 80 o governo criou leis para amparar pessoas com todo tipo de “necessidade especial” e garantir a inclusão deles no mercado de trabalho e a adaptação do sistema educacional tanto básico, médio e superior para atender qualquer tipo de “necessidade especial” conforme a lei n° 7.853, de outubro de 1989 “Art. 2º Ao Poder Público e seus órgãos cabe assegurar às pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer, à previdência social, ao amparo à infância e à maternidade, e de outros que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico.” O numero de ingressantes na educação inclusiva aumentou a partir daí, mas o numero ainda é pequeno em comparação com as pessoas deficientes de todo Brasil.
Em Marabá o numero de pessoas inclusas dentro do ensino básico é de aproximadamente de 15 pessoas tanto deficiente visual, auditivo e físico já no nível superior esse numero é pequeno mais ainda só 2 pessoas tem acesso a nível superior, sendo uma com deficiência visual estudante de duas universidades e outra com deficiência auditiva. No dia 3 de janeiro de 2010 fiz uma entrevista com Nacélio Souza Madeiro que faz o curso de Ciências Sociais na Ufpa e que teve a perda da visão aos 10 anos de idade, na entrevista ele faz uma retrospectiva de toda sua vida acadêmica deste sua inclusão na escrita Braille.
Quando Nacélio nasceu logo foi diagnosticado que não tinha visão, mas aos 7 anos começou a vê mesmo com uma visão de 50% isso foi suficiente para da inicio a aprendizagem e ser alfabetizado em tinta primeiramente pelo avo, com 12 anos ingressou em uma escola de educação fundamental “Por eu morar na roça, eu e minha família não tínhamos perspectiva alguma de estudar ate porque não via nada, mas quando comecei a enxergar logo meu avo me alfabetizou e em seguida entrei na escola” mas logo em seguida ele perdeu a visão total isso fez ele sair da escola ate porque não teve apoio e entrou em depressão, mas e 2005 retornou aos estudos e com a criação do Centro de Apoio Pedagógico de Marabá (CAP) teve um apoio pedagógico para iniciar novamente. Ao relatar seu aprendizado educacional ele citou que utilizava gravações de aulas e anotações em maquina Braille e apesar de todo o esforço que fazia para um bom aprendizado ainda ficava a desejar porque era necessário ter um acompanhamento especial e um tempo maior para absorver o conhecimento.
Pessoas com “necessidade especial” muita das vezes entram com uma idade avançada na escola e por essa questão muitos passam pelo supletivo para acelerar e balancear o tempo de estudo, ocasionando um aprendizado muito ruim. No caso do Nacélio por ter desistido quando perdeu a visão, logo quando voltou teve que passar por um supletivo concluindo o ensino fundamental é médio em 5 anos. Ao acompanhar sua vida na universidade é notado rapidamente o despreparo dos professores na questão do aprendizado ate porque a metodologia continua a mesma para alunos com visão e para ele, isso é ocasionado pelo motivo dos docentes não ter um treinamento ou especialização na educação inclusiva especial, em baixo tem uma parte da entrevista feita com ele:
Entrevistador: Nacélio o teu curso é baseado a maior parte na leitura, no teu caso você só se utiliza do Braille ou tem outro recurso?
Nacélio: Sim eu uso esse recurso, apesar de não utilizar muito ate porque a leitura é muito cansativa uma folha em tinta em Braille são três folhas... então você já nota a dificuldade e a maior parte são textos enormes entende?
Entrevistador: Ao você ingressar na universidade você foi contemplado em cotas especiais para deficiente visual? E suas avaliações de fim de semestre elas são diferentes dos outros alunos na questão de ser facilitado?
Nacélio: Não, não hoje no Brasil não existe cotas para DV nas universidades, o que existe é que as empresas e concursos públicos tem que ter 1% para pessoas especiais, já as minha avaliações, agora tu me pegou, assim não é facilitado, mas muita das vezes as minha provas são orais, e os meus trabalhos são feitos em duplas nunca individual, mas eu não vejo nenhuma facilidade...
Entrevistador: A universidade tem de acompanhado com suporte pedagógico e físico no teu aprendizado?
Nacélio: A universidade não tem nenhum suporte técnico já tentei ir atrás para melhorar, mas continua igual deste quando eu entrei a universidade me deu um notebook para usar nas aulas, mas isso era muito limitado porque eu tinha que busca depois da aula devolver então acabei deixando essa pratica ate porque não aprendia nada eu só utilizava na aula depois não tinha nenhum outro recurso. Os professores a primeira vista se senti incomodados e sensibilizados, mas com o tempo vê como normal não fazendo nada pra me ajudar isso me prejudica eu costume dizer que o aprendizado de uma pessoa normal nunca uma pessoa com educação especial terá no mesmo espaço de tempo principalmente eu que não tenho nenhum suporte, tive um ano de curso de todo conhecimento pude reter em conhecimento menos de 50% tudo isso pela dificuldade e despreparo da universidade e professores.
A dificuldade que Nacélio tem no acesso a educação superior são muitas, e não somente ele, mas todos que precisam de uma “educação especial” no Brasil. Hoje em Marabá a demanda esta aumentando, mas ainda a poucos profissionais qualificados nesse área ocasionando problemas para todos que necessitam de um acompanhamento especial.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Diniz, Débora. O que é deficiência/ São Paulo: Brasiliense, 2007
Site: htpp://www.planalto.gov.br/CCIVIL/LEIS/L7853.htm
Entrevista; Madeiro,Nacélio 3 janeiro de 2010

Texto produzido por Danilo Mourão dos Santos estudante de Ciências Sociais

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